A SAR Team em Operações de Salvamento Turquia

No dia 6 de fevereiro acordamos com uma notícia que abalou o mundo. Ocorrera um sismo de magnitude 7,8 na Escala de Ritcher na Turquia que teria também afetado a Síria, com dezenas de milhares de afetados. Ainda nesse dia, um novo sismo de Magnitude 7,7 fez ainda mais vítimas e mais destruição.

Desde as primeiras horas da manhã, a SAR Team, estabeleceu contacto com as autoridades nacionais no sentido de se mostrar disponível para apoiar as operações de busca e salvamento. Foi efetuado novo contacto às entidades internacionais através da INSARAG e EVOLSAR. Foi solicitado um corpo de voluntários para partir em missão, pedido que mobilizou imediatamente vários operacionais da equipa, prontos a responder ao apelo. Apesar de não ser possível a todos os membros estarem no grupo que viajou para o local, toda a equipa esteve em contacto permanente com o decorrer do trabalho no terreno.

Nesse mesmo dia a EVOLSAR estabeleceu contacto com o Governo Turco, através da AFAD, no sentido de enviar uma TaskForce para apoiar nas operações de busca e salvamento. A resposta chegou apenas dois dias depois, na manhã de dia 8 de fevereiro. Finalmente luz verde para partir. Sem qualquer apoio do estado, a SAR Team viu a missão ganhar vida com a ajuda preciosa de donativos de quem acreditou no trabalho da equipa e viabilizou a sua mobilização. Na manhã de dia 8 foram contactadas várias companhias aéreas e empresas, no sentido de encontrar voos para a Turquia, o que se revelou impossível devido às elevadas horas de viagem dos voos comerciais que, com escalas, superavam as 12 horas.

Ao contactar a Turkish Airlines informou que nos deveríamos dirigir ao balcão da empresa no aeroporto de Lisboa. É de salientar que a equipa foi recebida com excelência, com uma disponibilidade em apoiar a nossa causa, com a oferta dos lugares para a mobilização após um pedido oficial à Embaixada da Turquia em Portugal. Esta requisição foi resolvida apenas no dia seguinte, após o atendimento da Dra. Eda Ceton, Secretária da Embaixadora, que tornou realidade a viagem rumo à missão!

A equipa partiu nesse mesmo dia de Lisboa, pelas 16H30, para Istambul às 23h. Às 00h10 do dia 10 de fevereiro partiram para Adana, onde chegaram às 02h10.

Passaram pelo RDC, estrutura do INSARAG, responsável por receber e inserir todas as equipas nas Operações. Fomos atribuídos ao UCC de Adiyaman, partimos nas primeiras horas num pequeno furgão, uma viagem que normalmente duraria cerca de 3 horas, demorou 12 horas. À nossa chegada a Adyaman, estabelecemo-nos com a SERVE On, equipa inglesa membro da EVOLSAR, estando assim formada uma das Taskforce da EVOLSAR na Turquia. Durante 4 dias foram efetuadas diversas missões de busca pelos escombros daquele “estado” do tamanho de Portugal. Após tanto trabalho duro, a moral, o alento e o esforço da equipa não resfriaram. Na última missão, Ghost descobriu vida debaixo dos escombros! Motivada por esta descoberta, a equipa passou mais de 16 horas naquele local, a retirar escombros e a reconfirmar a existência de vida através de vários K9, da SAR Team e da NI K9 Search and Rescue (candidata à EVOLSAR).

Apesar da equipa ter regressado a Portugal antes de alcançar a vítima, a notícia do resgate da senhora de 42 anos chegou até nós no dia 16 de fevereiro, fruto do empenho dos nossos operacionais! Parabéns para toda a equipa, objetivo cumprido!

Todo o processo descrito obriga a uma reflexão importante no que concerne à capacidade de resposta de um país para responder a situações de catástrofe como esta. Que países teriam capacidade de responder, sem intervenção internacional, a uma catástrofe desta magnitude? A resposta seria dececionante. Mas a esperança reside em exemplos como a Turquia, que revelou uma capacidade extraordinária de organização e apoio às equipas internacionais em terreno, exemplo que se materializou no apoio à mobilização/desmobilização e no fornecimento de meios de comunicação para essas equipas no seu país, contribuindo dessa forma para o sucesso do trabalho do Comando e Controlo dessas mesmas equipas.

Fica a pergunta, e se fosse em Portugal? Pensem nisso.